"Então paródia é tipo uma zueira?", pergunta Rafael de Oliveira, 12 anos. Pode-se dizer que sim. A paródia é um intertexto cômico, produzido a partir de músicas, provérbios ou textos literários, com a intenção de provocar o riso. Inspirados pela releitura que Monteiro Lobato fez da clássica fábula sobre A cigarra e a formiga, escrevemos nossas próprias paródias, reinventando as velhas morais de Esopo (escritor da Grécia Antiga a quem se atribui a paternidade da fábula como gênero literário). Confira abaixo o resultado e divirta-se!
A Formiga Má
Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta.
Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com seu cruel manto de gelo.
A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se nem folinha que comesse.
Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou – emprestado, notem! – uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse.
Mas a formiga era uma usurária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.
– Que fazia você durante o bom tempo?
– Eu… eu cantava!…
– Cantava? Pois dance agora, vagabunda! – e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra, morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela?
Moral:
Os artistas, poetas, pintores e músicos são as cigarras da humanidade.
Monteiro Lobato
A lebre e a tartaruga
A lebre sempre dizia que era a melhor de todas e que conseguia ganhar até de um gueopardo, mas a tartaruga, cansada de ver ela contando vantagem, desafiou a lebre para uma corrida. A lebre quase caiu de tanto rir e falou:
- Você tá de brincadeira?
A raposa era a juíza e recebia as apostas. Quando começou a corrida, a lebre percebeu que a tartaruga já estava na linha de chegada. A lebre desesperada perguntou:
- Como?! Você me passou?!
E a tartaruga falou:
- Claro. Eu sou um gueopardo fantasiado de tartaruga.
Moral:
Não fale do que você não tem certeza.
Rafael Oliveira, Rafael Marçal e Enrique Fernandes
A raposa e a cegonha
Num belo dia, a raposa, querendo pregar uma peça, convidou a cegonha para jantar em sua casa. Chegando lá, a raposa serviu uma sopa num prato raso. A raposa bebeu tudo, mas a pobre cegonha não bebeu nada e foi morrendo de fome para casa. No outro dia, a cegonha chamou a raposa para tomar sopa na sua casa e quando sentaram na mesa, a cegonha colocou um jarro grande, de bico fino, para que só ela pudesse tomar. Mas a raposa, nada besta, levou um canudo e bebeu tudo, sem deixar sobrar uma gota.
“Ela acha que me engana...”
Moral:
Seja esperto.
Rafael de Oliveira, Rafael Marçal e Enrique Fernandes
O leão e o ratinho
Um dia, o leão estava dormindo na sua pedra, quando passou um ratinho em cima dele. O leão acordou, prendeu o ratinho entre suas patas e o comeu.
Moral:
Nunca pise em quem é maior do que você.
Renato Augusto e Marco Túlio de Souza
O ratinho da cidade e o ratinho do campo
Certo dia, o ratinho do campo foi à casa de seu amigo que vivia na cidade. Chegando lá, ele viu seu amigo jogado na rua e perguntou:
- Meu amigo, o que você está fazendo aí jogado?
O amigo respondeu:
- Perdi tudo o que tinha! Minha, casa, meu carro, tudo...
- Mas o que aconteceu? Você foi roubado?
- Eu perdi tudo jogando no cassino.
- Então venha comigo para a minha fazenda e lá iremos resolver isso.
- Não, obrigado! Prefiro ficar aqui na rua do que naquela sua fazenda miserável!
Moral: Saiba escolher melhor os seus amigos.
Renato Augusto e Marco Túlio de Souza
O urso e as abelhas
Dois ursos estavam andando pela floresta e encontraram uma árvore caída. Um dos ursos sentou na árvore e não percebeu que tinha uma colmeia ali. Ele se mexeu e as abelhas se revoltaram e atacaram os ursos. Eles ficaram com muita raiva e começaram a morder e arranhar o tronco, mas quando as abelhas saíram, eles tiveram que correr até conseguir achar um lago para pular.
Moral:
Nunca sente num lugar que você não observou.